quarta-feira, 30 de março de 2011

Investindo nas pequenas e médias empresas de TI brasileiras

O mercado brasileiro está aquecido e, como não podia ser diferente, o segmento de TI segue o mesmo rumo. Seu crescimento tem sido vertiginoso, principalmente quando comparado a outras épocas em que a tecnologia da informação não era tão essencial como é hoje. O segmento deve crescer muito nos próximos anos. Quantos anos? Bem, alguns dizem 20 anos, outros 10 e ainda existem alguns pessimistas que citam a Copa de 2014 como o início do fim, opinião esta que me parece infundada, principalmente se levarmos em conta que as ondas de crescimento podem levar muito tempo para ir de um segmento a outro, contemplando diferentes setores em diferentes e distantes momentos.

Dois pontos já estão sendo alvo de muito investimento nas empresas: INFRAESTRUTURA e DESENVOLVIMENTO COMERCIAL.

O Brasil cresceu de forma desordenada, sem um planejamento de longo prazo e isto com certeza, não é novidade para ninguém, vai frear nosso crescimento. As estradas e ruas das cidades estão estranguladas, gerando dificuldades de logística em transporte de carga. O transporte público dos grandes centros é ineficiente e gera atrasos para os trabalhadores, fazendo com que as empresas de cidades como São Paulo não consigam contar com os funcionários nos horários tradicionais de trabalho, passando a pagar horas-extras e contratando mais pessoas do que seria necessário. Faltam profissionais habilitados nas mais diversas áreas (metalúrgicos, pedreiros, médicos, programadores, engenheiros, etc...), levando as empresas a buscar profissionais em regiões distantes e arcar com os respectivos custos, além de inflacionar os salários para “roubar” funcionários de outras empresas.

Isso tudo poderia ser o suficiente para assustar qualquer investidor, porém sabemos que, mesmo que percamos oportunidades em função das nossas deficiências, o Brasil e suas empresas vão crescer muito nos próximos anos. As empresas vão correr para transpor estes obstáculos e o governo, seguindo a tendência dos últimos anos, deve colaborar com investimentos em infraestrutura. Com certeza, há muito espaço para ganhar dinheiro.

O mercado de TI consome cada vez mais, especialmente nas áreas financeira, telecomunicações e governamental. Este continua sendo o tripé que movimenta mais dinheiro no país no que se refere à venda de tecnologia. Mas erra o investidor internacional que não enxerga outros mercados. As empresas que já vendem para estes segmentos são grandes players do mercado e já conhecem bem todo o emaranhado de manobras e “jeitinhos” necessários para fechar negócios de peso no Brasil. Mais complicado ainda quando falamos em vendas para órgãos públicos. Essa cultura arraigada do apadrinhamento político e da falta de transparência que permeia as vendas para governos pode tornar-se um filme de terror para empresários estrangeiros que chegam ao Brasil na busca de um espaço e se deparam com uma verdadeira máfia.

Para o investidor que busca “comer pelas beiradas”, como dizemos no Brasil, as pequenas e médias empresas (PMEs) de tecnologia são grandes oportunidades. Estas empresas estão crescendo de forma vertiginosa e investindo com capital próprio para crescer ainda mais. Elas abrem filiais, contratam funcionários com maior especialização, atualizam seus parques de informática e estão dando uma atenção nunca vista antes ao desenvolvimento de suas equipes comerciais. A contratação de vendedores, consultores e gerentes comerciais aumentou muito e é fácil perceber isto pelo curto tempo que um profissional dessas áreas fica desempregado.

O trem está passando e os empresários perceberam que não podem se contentar em atender as demandas que chegam até suas empresas. Para aproveitar bem esta fase que não sabemos bem até quando vai, é preciso investir em ações comerciais de peso, formar equipes, criar novos canais de venda e buscar parceiros. Também é o momento das PMEs aprenderem a vender para o mercado externo e para isto, devemos aproveitar que fazemos parte do foco do mercado internacional e podemos achar ótimos parceiros.

Nesse momento, a equação mercado aquecido + PMEs emergentes + visão e metodologia de crescimento pode ser uma grande oportunidade para as experientes empresas do mercado internacional chamado “1º. Mundo”. O 3º. fator da equação (visão e metodologia) falta as nossas pequenas e médias empresas e, se aliado a uma alavancagem financeira, pode acelerar muito a transformação dessas PMEs em pequenas-gigantes do mercado.

O pequeno empreendedor brasileiro é um aventureiro. Não somos preparados em nossas escolas para sermos empreendedores. Vamos no peito e na raça, alcançamos o sucesso porém muitas vezes ficamos limitados neste crescimento por falta de um preparo acadêmico para o mundo empresarial.

Se os investidores olharem mais para as PMEs e tentarem ao menos descobrir quem são seus clientes, verão que estas PMEs já vendem para algumas grandes empresas e conseguiram vencer barreiras muitas vezes só vencidas por grandes players. Ou seja, existe uma fórmula que está dando certo nessas empresas e agora, o que lhes falta são parceiros que tragam não só dinheiro, mas um know-how dos mercados tradicionais e suas experiências, o que certamente vai antecipar uma visão dos próximos cenários pelos quais o Brasil vai passar, ajudado assim a antever uma série de tendências e percalços.

Leandro Ribeiro Ceccato
Site Express – Diretor comercial